Especialistas discutem sobre o consumo de carne de jumento

Veterinários, professores universitários e autoridades zoossanitárias estaduais e federais se reuniram nesta segunda-feira (31), na Secretaria Estadual de Agricultura, para debater vários pontos sobre a iniciativa pioneira de difundir o consumo de carne de jumento no município de Apodi. A ideia foi do Promotor de Justiça da Comarca de Apodi, Sílvio Brito.
 
A reunião contou com a participação do procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis, que demonstrou preocupação com o atual estado de abandono dos jumentos no Rio Grande do Norte.
 
Também presente na reunião, o Promotor de Justiça Sílvio Brito disse que durante séculos, o jumento foi visto exclusivamente como uma ferramenta de trabalho pelo sertanejo. “O animal é utilizado para lavrar o campo e transportar pessoas e cargas. Com o advento das máquinas, em especial dos tratores e das motocicletas, a utilização dos jumentos nesse trabalho foi diminuindo”, disse ele, reforçando que à medida que foram perdendo utilidade para o homem do campo, os jumentos foram sendo sistematicamente abandonados.  
 
Apenas para ilustrar, o representante ministerial comentou que nunca apareceu um único proprietário para resgatar um dos mais de 600 animais apreendidos pelas Polícias Rodoviárias Federal e Estadual nos últimos cinco meses e levados para a Associação de Proteção aos Animais (APA) de Apodi.
 
“O grande número de acidentes graves são provocados por esses animais. Só nas últimas duas semanas, foram duas mortes e vários feridos na região de Mossoró, uma envolvendo uma motocicleta e a outra, um caminhão, que se chocaram com jumentos soltos nas rodovias da região”, comentou Silvio Brito.
 
A previsão para os próximos seis meses, segundo o promotor, é de continuar realizando alguns abates em caráter experimental e educativo, numa média de 10 a 20 animais por mês. “A carne será doada a alguns restaurantes que se disponham a testar a qualidade do produto e também transformada em carne de charque”. Os abates servirão também para as pesquisas científicas que serão iniciadas em breve por um grupo de pesquisadores, em sua maioria doutores em Zootecnia e Veterinária, além de mestrandos e doutorandos. 
 
Eles iniciarão estudos aprofundados sobre todas as potencialidades econômicas do jumento, já que, embora se crie jumentos há mais de 200 anos no Nordeste, pouco se sabe a respeito da biologia desse animal.
 
O professor aposentado da UFRN e histórico defensor dos jumentos, Fernando Viana Nobre, também presente à reunião, ressaltou sua preocupação com a preservação da espécie. “A exportação da carne de jumento para o Japão, nas décadas de 70 e 80, quase dizimou toda a tropa existente no Nordeste”.
 
O veterinário Geneclayton Almeida fez restrições quanto a destinação da carne de jumento para o sistema penitenciário e para a merenda escolar. 

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